terça-feira, 29 de julho de 2025

Lição 2 - 14 de janeiro

 QUESTÕES DE VIDA OU MORTE

Texto Bíblico - Jó 3

Texto Básico - Jó 3

Texto Áureo - Jó 3.11


LEITURAS DIÁRIAS

Segunda - Jó 3.1-5

Terça - Jó 3.6-10

Quarta - Jó 3.11-19

Quinta - Jó 3.20-22

Sexta - Jó 323-26

Sábado - Jó 9.1-6

Domingo - Jó 2.1-5


Por mais que queiramos ser fortes diante dos sofrimentos, sem dúvida, eles nos deixam perplexos. Podemos não ficar desesperados, mas não podemos dizer que eles não nos atingem direta ou indiretamente. Os sofrimentos nos fazem parar para refletir e nos fazem amadurecer. Em condições normais de vida, não faríamos perguntas que fazemos em momentos de dor. São nesses momentos que levantamos questões cruciais sobre a vida, sobre a morte, sobre a finalidade das coisas etc.

Nem todos, porém sabem passar por momentos difíceis, porque não tem bases sólidas de vida. É, como disse Jesus em Mateus 7.24-27, uma edificação sobre areia e não sobre a rocha. O segredo dos que saem amadurecidos dos sofrimentos, e revigorados, está no fundamento de suas vidas. No estudo anterior aprendemos que Jó era íntegro, reto, temia a Deus e se desviava do mal. Ele plantava sua vida em bases espirituais e morais bem sólidas. Daí a razão de manter sua fidelidade diante de tanto sofrimento. 

A LIÇÃO NA BÍBLIA

Jó recebeu a visita de três amigos vindos de três países diferentes: Elifaz, Bildade e Zofar. Eles vieram porque queriam "condoer-se dele e consolá-lo" (2.11). Quando chegaram, não reconheceram Jó, porque ele estava praticamente desfigurado pela doença. Os seus amigos prantearam em alta voz e consideraram Jó como morto, pois rasgaram as sua vestes. Sentaram-se com Jó durante sete dias e sete noites e ficaram em silêncio, mudos diante da dor que Jó sentia, pois esta "era muito grande" (2.12,13).

Depois desse tempo é Jó quem rompe o silêncio (3.1), e começa uma série de discussões sobre a razão de tanto sofrimento que vai se encerrar no capítulo 31. Há diferenças fundamentais entre as palavras de Jó e as de seus amigos. Enquanto estes falam a Jó a respeito dos desígnios de Deus, Jó fala diretamente a Deus sobre sua situação. Os amigos de Jó tentam consolá-lo com conceitos fixos e predeterminados, como se fossem leis imutáveis.

Jó olha para dentro de si mesmo e procura, por todos os meios, compreender a experiência pela qual estava passando. Ele queria mais que conceitos frios, por isso é impetuoso em suas palavras, honesto em colocar seus sentimentos diante de Deus. Ele diz a Deus o que pensa e  o que sente, sem esconder nada! Outra coisa marcante nas palavras de Jó é que ele nunca reclama das perdas ne da doença. Ele está inquieto é pela razão disso tudo, e sua preocupação primordial é com Deus. ele quer manter sua vida com Deus, e os acontecimentos o estavam levando a pensar que havia perdido Deus. Não há tormento maior que este para a vida de alguém que ama a Deus. É importante salientar que Jó não era insensível para com a morte de seus filhos nem com a perda de seus bens. Eis a questão principal: que Deus era o seu maior bem, o maior anelo de sua alma.

Tendo esse fundo de explicação, podemos entender melhor o que Jó passa a dizer, abrindo, assim, o ciclo de discussões com seus amigos. No capítulo 3, Jó declara sua perplexidade diante dos acontecimentos e deseja nunca ter nascido, mas, já que existe, deseja morrer. O capítulo é só lamento. Jó amaldiçoa o dia em que nasceu (v. 1-10), deseja ardentemente a morte (v. 11-19), lamenta profundamente a vida que tem em sofrimento (v. 20-23) e termina o seu discurso com um gemido (v. 24-26).

Jó 3.1-10 - Por que nasci?

"Abriu Jó a sua boca, e amaldiçoou o seu dia (v. 1). Nas palavras de Jó não há qualquer lamento sobre os bens perdidos nem qualquer palavra contra Deus. Quando ele se volta para trás, lamenta ter nascido. A linguagem é poética; não precisamos explicar cada expressão. Em linhas gerais, Jó desejaria nunca ter vindo à vida, pois o seu presente era terrível. Aquela alegria que seu pai sentiu quando nasceu um menino (v. 3), não lhe confortou o coração. Ele desejava que aquele dia fosse riscado do calendário (v. 4-6) e que nele não houvesse fecundidade para que alguma criança fosse concebida (v. 7). Ele queria que o caos engolisse aquele dia, ao referir-se ao "leviatã" e aos amaldiçoadores de dias (v. 8). 

Jó aborrecia o dia de seu aniversário, pois foi nele que os seus olhos foram abertos para a aflição. Jó diz aquilo que muitas pessoas ainda dizem: "Eu não deveria ter nascido." Essa é uma forma de expressar o profundo descontentamento com a vida presente. Nesse ponto Jó é muito contemporâneo nosso!

Será que Jó está cedendo às pressões? Irá ele dar razão à Satanás e amaldiçoar Deus? Ele já começou a amaldiçoar o seu nascimento. O que Jó disse é errado? Não devia ele, como pensam alguns, ter se controlado mais? É errado revelar as mais profundas emoções? Jó é muito humano e tem a coragem de transformar em palavras os seus profundos sentimentos. Ele não é um descontrolado, mas alguém que revela a si mesmo num momento de dor, pois perdeu os filhos, sofre dores agudas por causa da doença, sua pele arde como fogo; em vez de sentar-se em seu tapete para conversar com seus amigos, sente-se humilhado sentado em cinzas vendo seus amigos diante dele com expressão de dó e condenação; sofre a pressão da esposa, sente-se desprezado por Deus. Somente uma pessoa muito insensível não sentiria o que Jó estava sentindo.

Jó 3.11-19 - É melhor morrer!

Os versículos 11 e 12 falam do anelo de Jó em ter morrido logo ao nascer, antes mesmo das primeiras sugadas no seio de sua mãe, nos primeiros momentos da amamentação. Por que desejar morrer? Não é um desejo covarde, comparado com o desejo dos  suicidas? Acabar com a vida não é escapar da realidade dos problemas sem resolvê-los? A morte resolve os problemas e as dificuldades da vida? Recompensa as injustiças? Não! No caso de Jó, ela apenas acabaria com o seu sofrimento, pois como disse Jó: "Pois agora eu estaria deitado e quieto; teria dormido e estaria em repouso".

Os versículos 14 e 19 mostram que as diferenças que há, nesta vida presente, entre as pessoas, se tornam sem importância depois da morte. Lá não há rei, conselheiro, príncipe, abortivo, ímpio, presos, pequenos ou grandes. Depois da morte não há mais privilégios, riquezas, níveis sociais e econômicos etc. Todos estão no mesmo nível.

Jó 3.20-23 - A vida não vale a pena!

A vida para Jó estava intolerável, e só a morte poderia pôr fim ao sue sofrimento (v. 1-19). Será que ele estava dando razão à sua esposa? Em parte sim, pois desejava morrer, mas não pelos meios que ela sugeriu, ou seja, de amaldiçoar a Deus. Ele até então e até mesmo o fim de todos seus discursos não atribui falta alguma a Deus. Ele se sente só, mas não coloca a culpa em Deus.

Nos versículos 20 a 23, Jó pergunta por que tanto sofrimento pode vir sobre uma pessoa, ou melhor, por que se concede  luz a uma flito e vida a um amargurado de alma (v. 20)? Por que a vida aos que só pensam em morrer (v. 21,22)? O versículo 23 mostra exatamente o que pensava Jó: estava preso, cercado por todos os lados. Não era cerca de proteção como pensava Satanás (1.10), mas de prisão. Ele estava só e sentia que Deus o havia abandonado dentro da prisão de seus sofrimentos, sem um caminho de saída.

Aconteceu com Jó aquilo que acontece com todos os que têm sofrido profundamente: sentem-se sem saber o caminho de saída de tanto sofrimento. Geralmente quando estamos sob o sofrimento, não temos o conhecimento objetivo do que está acontecendo, e isso aumenta nossa perplexidade. Que caminho tomar? Qual a solução? Onde está a cura? Por que ela não vem? Você compreende a agonia de Jó agora?

Jó 3.24-26 - É muito grande a minha dor

Em vez de querer o alimento ("pão" - v. 24), Jó só deseja gemer, e geme muito. Todo o seu corpo está tomado de feridas dolorosas. Ele nem tem vontade de comer. Os versículos 25 e 26 indicam que Jó vive sem sono, temeroso pelo que ainda possa acontecer em sua vida. Diante de tanto sofrimento, ele não se sente seguro nem tranquilo.

Por que Jó proferiu as seguintes palavras: "porque aquilo que temo me sobrevêm, e o que receio me acontece" (v. 25)? Quando Jó tinha riqueza, prosperidade e a família toda unida e feliz, não havia se descuidado da vida espiritual. Procurou sempre estar em paz com Deus (1.5). Fazia tudo que estava ao seu alcance para não perder o favor de Deus. Podemos considerá-lo um homem justo, não que estivesse isento de erros, mas porque estava sempre preocupado em acertar tudo com Deus. Na mente de Jó, tudo isso parece ter sido em vão, pois o que mais temia, aconteceu: perdeu o favor de Deus e ficou privado de tudo quanto tinha de bens, família e saúde. Não há dor mais terrível do que se sentir abandonado por Deus. O Salmo 27.10 diz: " Se meu pai e minha mãe me abandonarem, então o Senhor me acolherá". Jó reclama de seus parentes e amigos (19.14): "Os meus parentes se afastam, e os meus conhecidos se esquecem de mim. "Se Jó apenas tivesse sido abandonado pelas pessoas, aguentaria muito mais, porém ele se se sentia abandonado por Deus. Existe dor semelhante?

Ninguém gosta de se sentir na solidão. Só estar sozinho já dói, quanto mais se sentir rejeitado por Deus. É exatamente assim que Jó se sente, segundo o versículo 26: ele não consegue descansar nem ficar quieto, muito menos relaxar. Está sempre agitado com o que está acontecendo em sua vida, porque não sabe a razão de tudo isso.

O lamento de Jó é mais agonizante porque ele confiou em Deus. A fé no Deus único, verdadeiro, perfeitamente bom e de infinita bondade, fica balançada na hora do sofrimento. As pessoas que crêem em outras divindades, em astrologia, em entidades que se incorporam nas pessoas, em espíritos, em energias positivas ou negativas etc, parecem ter explicações para os sofrimentos. As respostas são apenas aparentes, enganosas, mas convencem muitas pessoas, porque parecem explicar a origem e a causa do sofrimento. Jó sabia a origem, pois vinha de Deus, mas não sabia a razão. Deus estava zangado com ele?

A LIÇÃO DA VIDA

O que podemos aprender com a lamentação e o gemido de Jó?

1. Devemos, com toda a sinceridade e transparência, expor nossos mais profundos sentimentos. Vamos aprender que Deus sabe ouvir nossos desabafos, principalmente quando somos autênticos. Vamos aprender que Deus sabe ouvir nossos desabafos, principalmente quando somos autênticos. Não significa que devemos perder o controle de nossas palavras. Jó sabia o que estava dizendo. Ele não estava fora de si, não falava como um louco, um insensato. ele expôs os seus sentimentos, a sua agonia pelo sofrimento.

2. A verdade não está exclusivamente nos nossos sentimentos, por mais sinceros e transparentes que eles sejam: eles não se constituem no padrão da verdade. A verdade reside em Deus, em seus atos, em sua revelação. Jó foi sincero, disse exatamente o que sentia a respeito dos acontecimentos, mas não sabia tudo a respeito deles. O seu conhecimento era parcial.

3. As emoções fazem parte de nossa estrutura, e sentir-se t riste pelos sofrimentos e perdas não é sinal de fraqueza. Jó mesmo disse que ele não era de pedra e nem de bronze (cf. 6.12), para ficar insensível de tanta tribulação. Há um segredo, porém, que o crente precisa conhecer: as tribulações não nos sobrevêm além do que podemos suportar. Com esta certeza em mente, veremos que as emoções não serão destrutivas, mas estarão agindo pra o fortalecimento de nossa vida, de nosso caráter.

4. O que cremos corretamente sobre Deus nos ajuda muito em momentos de sofrimento. Aquele que tem uma fé firmada apenas no que deus pode dar, e não no que ele é, pode não resistir diante dos sofrimentos; desistirá bem rápido. Veja que Jó não alegou em nenhum momento o fato de ter perdido os bens e filhos. O seu problema estava em saber por que Deus fizer tudo aquilo com ele. Nos momentos de sofrimento, é muito fácil desviarmos a atenção para aspectos secundários.












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