sábado, 15 de outubro de 2022

Lição 1 - O servo de Deus é provado - Extraído do Livro Pontos Salientes 1996

 Os capítulos 1 e 2 falam de como começou o sofrimento de Jó. O texto é claro ao mostrar que Jó é inocente. Durante todos os diálogos, ele não sabe o que está acontecendo. Não o apresenta, porém, como alguém perfeito, sem pecado nenhum. Ele só não é culpado pelo que estava acontecendo em sua vida naquele momento. Isto é algo que os seus amigos não compreenderam.

A LIÇÃO NA BÍBLIA

Jó 1.1-12 - A vida de Jó antes da provação

O texto faz  uma descrição da vida de Jó sob diversos aspectos: moral, espiritual, social e familiar. Fala também de sua fidelidade Deus e da tentativa de Satanás em desafiar Deus quanto à firmeza de Jó. A intenção do autor é realçar o estado anterior de Jó, para poder mostrar a intensidade de sua perplexidade diante do sofrimento. Como pode um homem próspero, feliz e com tantos atributos morais e espirituais vir a ficar num estado tão deplorável?

1. Perfil moral e espiritual (v.1). Jó "era homem íntegro e reto, que temia a Deus e se desviava do mal". Temos dele a maior e a mais bela impressão. Um homem direito, honesto, completo. Ele é "íntegro", ou seja, inteiro, com suas emoções em equilíbrio e mentalidade sadia. Não ocupava o seu tempo com ciosas que traziam desgaste emocional, senão com o que edificava. A sua vida estava plantada sobre bases sólidas. Ele era "reto", pois tinha retidão no viver; andava de cabeça erguida por causa de sua honestidade em todas as suas relações.

A integridade se relaciona com a vida interior, e a retidão com a vida exterior. A integridade e a retidão estão intimamente relacionadas. A retidão sem integridade é hipocrisia. A integridade sem retidão é impossível, pois, em quem tem equilíbrio na vida interior, arde a chama de querer ser um bênção e influenciar a vida dos outros. Assim era Jó: um homem de personalidade marcante, agradável, respeitável. ele inspirava grande confiança e era um exemplo!

Qual era o segredo? Ele "temia a Deus e se desviava do mal". Era devoto e moral. Tudo acontecia em sua vida devido à sua fidelidade a Deus, a qual o levava a se desviar daquilo que não fazia parte da vontade de Deus. Sua integridade e retidão não eram automáticas, mas frutos de uma vida de comunhão com o seu Deus. Nada na vida é fruto do acaso.

2. Seu nível social (v.3). Pelos padrões da época, Jó era muito rico. O versículo 3 apresenta um inventário de seus bens e conclui; "de modo que este homem era o maior de todos os do Oriente". A descrição é de uma pessoa economicamente muito influente e que gerava empregos para muitos. Ele não era um nômade (pessoa que andava de lugar em lugar em busca das melhores pastagens), mas era fixo na região leste do rio Jordão, sendo um agricultor com grandes extensões de terra (cf. 1.14)

3. Sua família (v. 2,4,5). Ele tinha uma família numerosa: 10 filhos! Isto era considerado uma benção naquela época. Um casal sem filhos era malvisto na sociedade, e a mulher estéril era rejeitada. Isso não acontecia com Jó e sua esposa! Eles eram felizes ao verem tantos filhos pela casa quando pequenos, e depois, quando grandes, cada um dos homens tinha sua própria casa (v.4). As filhas pareciam ainda ser solteiras. Sua esposa só era citada no capítulo 2.

Os filhos de Jó viviam uma vida saudável e feliz, conforme o ciclo de banquetes mencionado nos versículos 4 e 5. Estavam vivendo os melhores de seus dias! tinham bens, saúde, amor entre eles. Estavam unidos no trabalho e na celebração. Que família!

Jó zelava muito por seus filhos. Passando o ciclo dos banquetes, diz o texto que Jó os "santificava; e, levantando-se de madrugada, oferecia holocaustos segundo o número de todos eles" (v.5). Jó não os vigiava, para ver se estavam ou não pecando, mas cuidava da saúde espiritual deles. O texto não indica que os seus filhos faziam festas profanas, com bebedeiras e imoralidades. Indica uma vida feliz, jovial e plena. O sorriso e a alegria fazem parte da vida do servo de Deus! Jó, no entanto, não queria que alguém, em nome do prazer e da alegria, blasfemasse de Deus. O zelo de Jó era constante, pois assim procedia "continuamente".

4. Seus intenções (v.6-12). Os "filhos de Deus" (v.6) são seres angélicos, que formam uma espécie de congregação, de convocação divina. Entre eles, o texto indica, Satanás veio. O termo "também" parece indicar que ele é um intruso, um estranho, e não alguém legitimamente convocado. O fato de ser um intruso é reforçado pela pergunta que Deus lhe faz: "Donde vens?" (v.7). Deus sabe, mas é como a pergunta feita a Adão: Deus quer apenas uma declaração dos feitos; não quer ter um conhecimento que não possui. Ele sabe de tudo!

É importante observar que a participação de satanás no relato do Livro de Jó só aparece aqui nos capítulos 1 e 2. Nenhum dos que discursam atribui a Satanás qualquer responsabilidade pelo que está acontecendo. Depois disso ele desaparece! Ele não tem poder próprio, mas lhe é concedido por Deus. A resposta de Satanás à pergunta de Deus demonstra muito bem a sua maldade. Ele vagueava pela terra (cf. 1Pe 5.8). Com o coração cheio de maldade, procurava frustrar as relações entre os homens e Deus.

Deus lhe faz uma segunda pergunta: "Notaste, porventura, o meu servo Jó, que ninguém há na terra semelhante a ele(...)?". Deus tem orgulho da vida de Jó. Satanás não responde que sim, mas o que diz adiante mostra que não apenas notara, mas também analisara as razões de tanta lealdade de Jó. A pergunta de Satanás (v.9) questiona as intenções de Jó: Será que ele não temia a Deus por interesse financeiro?

No versículo 10, Satanás, com cinismo, acusa Deus de ter superprotegido Jó, sua família e todos os seus bens, e de haver abençoado Jó de tal maneira que tudo que possuía se multiplicava em suas mãos. Satanás sugere que o temor de Jó era por interesse e que o cuidado de Deus por ele era igualmente interesseiro. Em essências, Satanás é descrença pura. Não crê na santidade das intenções de Deus nem na genuidade da fidelidade de Jó.

No versículo 11, Satanás lança um desafio a Deus, que é sua tese sobre a fidelidade do homem: Se o homem não tiver bênçãos materiais vindas de Deus, ele não lhe será fiel. Se Deus tirar os bens de Jó, este o amaldiçoará. O final da expressão mostra que Satanás queria dizer que amaldiçoar seria a consequência de Jó ficar sem os seus bens. A ideia básica dele é que o homem não serve a Deus por causa da Pessoa, santidade e bondade de Deus, mas por causa das bênçãos materiais. Será?

Jó 1.13-19 - Quando sobreviveram as primeiras provações

Os versículos 13 a 19 mostram como ruiu o mundo feliz de Jó. Ele nem sabe por quê, mas de forma repentina e sucessiva todos os seus bens e filhos lhe são tirados de forma trágica.

A vida corria normal como sempre. Os bois lavravam, as jumentas pasciam, os rebanhos pastavam (v. 16, 17), os filhos estavam na casa do irmão mais velho numa festa (v.13,18). Jó e sua família não viviam sob a pressão do medo e das incertezas do futuro. De repente tudo parece acontecer fora da normalidade. Os animais domésticos são roubados, os trabalhadores que cuidavam deles são mortos, apenas um escapa para dar a notícia (v. 15); parte do rebanho e pastores é morta, possivelmente por um raio (fogo de Deus, v. 16); outra parte do rebanho é roubada e seus pastores são mortos (v. 17) e, mais triste ainda, todos os seus filhos morrem soterrados, juntamente com os empregados (v. 19), quando um vendaval derruba a casa.

Jó 1.20-22 - A resposta de Jó às primeiras provações

O quer você faria se recebesse tantas notícias ruins num só dia, principalmente sabendo que perdeu tudo, filhos e bens? Jó agiu como todos os orientais faziam diante de perdas irreparáveis: "se levantou, rasgou o seu manto, rapou a cabeça" (v.20). Este ato era praticado, principalmente quando havia perda de parentes em primeiro grau, como foi o caso de Jó.

Jó fez algo além dos aspectos exteriores de sentimento profundo. Ele adorou! Este era um ato que poucos faziam, e hoje menos ainda. Satanás pensou que ele iria amaldiçoar Deus(v.11), mas não foi isso que aconteceu. Ele o adorou e declarou sua fé nn deus vivo e verdadeiro: "Nu saí do ventre de minha mãe, e nu tornarei para lá. O Senhor deu, e o Senhor tirou; bendito seja o nome do Senhor" (v.21). Quem nunca sofreu a perda, não tem condições de avaliar com profundidade as palavras de Jó, pois ele não agiu apenas como mandava os costumes culturais e religiosos para com os mortos e as perdas, mas foi além, ao louvar o nome do Senhor por tudo que estava acontecendo. A sua atitude se  deu porque cria na soberania de Deus.

"Em tudo isso Jó não pecou, nem atribuiu a Deus falta alguma" (v.22). Felizmente Satanás estava errado. É possível alguém ser fiel a Deus mesmo não tendo nada e estando debaixo de uma dor intensa. ele amava a Deus pelo que Deus era, e não pelo que ele lhe oferecia na forma de prosperidade. deus era o dono de tudo. Se Deus podia dar, também podia tirar. Não é fácil dizer isso, principalemnte em meio ao sofrimento.

Jó 2.1-13 - A resposta de Jó quando sobrevieram provações mais intensas

Jó não sabia, mas o pior estava por vir. Novamente a cena se passa na congregação divina, quando os "filhos de Deus" vieram se apresentar diante de Deus (v.1). Satanás veio "entre" eles, e novamente ocorre o mesmo diálogo entre ele e Deus. A afirmação de Deus a respeito de Jó repete a de 1.8 e acrescenta: "Ele ainda retém a sua integridade, embora me incitasses contra ele, para o consumir sem causa" 9v.3). Apesar de tudo o que estava acontecendo, e de Jó não saber por que estava acontecendo, ele manteve a essência de sua vida: a integridade e a retidão. Ele continuou temendo a Deus e se desviando do mal. Ele mostrou que Deus estava acima de tudo e de todos em sua vida. Ele ocupava o primeiro lugar!

Satanás é astuto e conhece os pontos fracos das pessoas. Ele propõe que Deus toque na vida física de Jó em forma de doença (v.5), baseado no fato de que a pessoa dará tudo para salvar a sua vida. Da vez anterior Satanás dissera que Jó blasfemaria só em perder os bens. ele parece sugerir que Jó era egoísta e não se importara tanto com a morte dos filhos e a perda dos bens, que ele pensava apenas sem si mesmo.

Deus concede que Satanás fira a Jó (v.6). Este é ferido com úlceras que cobrem todo o seu corpo (v.7), as quais provocaram dores profundas (Jó 30.17), infecções e coceiras, de tal forma que ele se raspa com "caco de cerâmica" (v.8). A sua situação é tão terrível que até sua mulher dá a sugestão de que blasfeme de Deus para poder morrer (v.9). A palavra da mulher de Jó não tem sido muito bem compreendida. Ela queria com toda a sinceridade ver o seu marido livre de tamanho sofrimento. O seu desejo era pleo alívio. Ela quis ajudar, mas acabou fazendo com que Jó sofresse ainda mais; ele acabou respondendo que ela estava agindo com insensatez (v.10). Mesmo sob toda pressão, tanto dos acontecimentos como da esposa, Jó permanece fiel a Deus. O fato de ele não haver pecado com os lábios não significa que tenha pecado no coração. Se assim fosse, Deus não teria dito o que disse a seu respeito (1.8; 2.3).

A LIÇÃO NA VIDA

1. Devemos viver intensamente as bênçãos concedidas por Deus, sempre zelando pela santidade de nossas vidas e de nossas famílias.

2. Devemos temer a Deus e nos desviar do mal em todas as circunstâncias da vida, e não apenas quando temos prosperidade.

3. Devemos temer a Deus por sua pessoa, e não pelo que ele nos oferece em retribuição. Jó, sem nada e doente, preservou a sua fé em deus. Ele amava a Deus acima de tudo.

4. No caso específico de Jó, Satanás, com a permissão de deus, foi o causador das perdas e da doença, mas esta não é uma regra universal. Nem toda adversidade, tribulação, sofrimento ou doença, tem origem satânica.

5. Devemos reconhecer sempre a soberania de Deus, mesmo que não compreendamos, plenamente o que está acontecendo em nossas vidas.


PONTOS SALIENTES. Juerp. 1996.







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