domingo, 13 de dezembro de 2015

Não vos movais facilmente do vosso modo de pensar (2 Tessalonicenses 2:1-12)

     O assunto do fim dos tempos continuava rendendo dúvidas e distorções.
Podemos considerar, como em outros momentos da história, que o sofrimento ocasionado pela tribulação redobrava a ansiedade pelo fim do tempo de angústias e pelo cumprimento da esperança anunciada. Paulo precisava interferir para apresentar boas notícias, mas para preveni-los da incorreção de suas expectativas.
     Os tessalonicenses não podiam viver " como se o dia do Senhor estivesse já perto ", mas isto estava sendo ensinado, inclusiva com cartas falsamente apresentadas como sendo do próprio Paulo. Era preciso que os crentes permanecessem firmados no que foram ensinados e não mudassem de pensamento nem se deixassem perturbar por ensinos deturpados.
     A exortação corretiva do apóstolo didaticamente apresenta os eventos que são precondição para a volta de Jesus Cristo. O que Paulo reforçou é que não é possível queimar etapas; é preciso atentar para os sinais da chegada dos tempos, tal como Jesus instruiu (Lucas 21.7-33)

     O filho da perdição (v. 3,4) -  O ensino de Paulo nestes dois versículos pode ser complementado com outros textos, como Marcos 2.18-22. O que se destaca aqui são as características do anticristo: homem do pecado (não aceita nada da lei e dos ensinos de Deus); filho da perdição (destinado à destruição) e se opõe a Deus , ao mesmo tempo em que se apresenta como ele.

     No momento que esta carta foi escrita, a perseguição aos cristãos ainda não era uma prática oficial do império romano; era apenas a reação irada de religiosos judeus contra o que consideravam uma ameaça à tradição da sua crença. Os cristãos formavam um grupo incipiente que ainda não aparecia no radar do poder dominante. Pouco tempo depois a situação seria diferente e o império iniciava a perseguição aos cristãos. Ninguém ainda conhecia Nero, Décio ou Deocleciano.

     Embora esses imperadores romanos e muitos outros algozes dos cristãos ao longo dos séculos têm sido enquadrados na definição do filho da perdição, nenhum deles se manifestou com toda a intensidade e estrago que o texto bíblico dele fala.

     O que o detém (v.5-7) - A manifestação por completo desse inimigo de Deus está, disse Paulo, detido por uma força que o impede de agir amplamente, embora esteja operando de modo restrito. A quem quer que seja atribuído o poder de deter o filho da perdição, a verdade é que somente a soberania de Deus determina o seu tempo.

     Então será revelado esse iníquo (v. 8-12) - A função a ser cumprida por esse anticristo é de refinar e validar os que aceitam a verdade.
     Lançando mão de " prodígios de mentira", "todo o engano da injustiça" e "operação do erro" , o maior inimigo dos cristãos buscará (como nunca cessou de buscar) atrair para a mentira tantos quanto puder, isto é, todos os que  "não creram na verdade , antes tiveram prazer na injustiça".

     Mesmo nesse agente maligno Paulo ensinou que há o propósito da soberania divina. Não há uma luta entre forças do bem e forças do mal; tal luta nunca foi e nunca será necessária, pois uma luta pressupõe combatentes em busca da definição de quem prevalece. Há apenas a permissão para que a operação do erro torne patente os que creem na mentira e não na verdade.

Conclusão

O ensino escatológico do Novo Testamento não tem o propósito de assustar ou ameaçar os cristãos. O seu propósito é realçar a eterna soberania de Deus, alertando sobre o que o futuro nos reserva, e garantindo que é Ele mesmo que nos escolheu " mediante a santificação do Espírito e a fé na verdade " ( 2 Tessalonicenses 2. 13)
     Tornemos efetivo o alerta de Paulo: " não vos movais facilmente de vosso modo de pensar, nem vos perturbeis... Ninguém de modo algum vos engane" (2 Ts 2:1-3).

Revista Compromisso


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